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segunda-feira, 9 de junho de 2025

Mensagem Pastoral de Pentecostes - 2025

Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo!

Domingo, 08 de junho, é dia de Pentecostes. Aniversário da Igreja de Jesus Cristo.

Celebramos este dia com alegria, sempre lembrando que no Natal temos DEUS CONOSCO; na Páscoa, temos DEUS POR NÓS; no Pentecostes temos DEUS EM NÓS. E isso nos enche de uma santa responsabilidade, tremenda. A presença de Deus em nossos corações, através do Espírito Santo não pode ser para nós motivo de vaidade – temos poder! – mas uma reflexão – poder para quê? -  e uma grande missão – poder para testemunhar.

Muitos querem o poder do Espírito Santo para serem grandes. Mas o Espírito, quando opera em nós deve nos fazer pequenos, os menores entre os irmãos. João Batista, um homem repleto do Espírito Santo disse a respeito de Cristo: “Convém que Ele cresça e que eu, diminua”. Somos e devemos ser sempre apenas instrumentos nas mãos de Deus, pois a obra é dele e não nossa. Somos chamados, como Cristo a servir, e não a ser servidos.

Precisamos lembrar de que o poder que o Espírito Santo nos concede (cf. Atos 1,8) é poder para ser testemunhas (martyus, no original), de onde vem a palavra mártir. O Espírito Santo nos capacita a podermos dar a nossa vida pela verdade do Evangelho num mundo relativista e cheio de situações que contrapõem o Evangelho da Graça. É muito difícil para nós, no meio de uma sociedade pós-cristã e materialista sermos fiéis a Deus e ao Evangelho. Sozinhos não conseguimos.

O Espírito Santo em nós não é para a expressão de uma espiritualidade vazia e sem propósito. São Paulo repreende severamente a Igreja de Corinto, a qual tinha muitos dons, mas era igreja mais problemática e “carnal” do Novo Testamento. Temos visto a instrumentalização do Espírito Santo para promover pastores e líderes, mas não apontar para Cristo. Temos visto muita gente “falando em línguas” – diferente do fenômeno de Atos 2 – querendo mostrar espiritualidade, mas imerso na carnalidade mais bruta e primitiva, comendo sem moderação, pensando apenas em riqueza e prosperidade material e em ser admirado e seguido nas redes. “Que tempos! Que costumes”, diriam os romanos.

O Espírito Santo está em nós para colocarmos a mão na massa. Isto significa construir uma sociedade mais justa e fraterna, onde nós vejamos Cristo no outro. Precisamos deixar de lado essa ideia de poder explosivo e pensarmos que Deus opera não no atacado, com grandes realizações, mas no varejo, em pequenas e singelas coisas. “Cuidar dos órfãos e das viúvas e manter-se incontaminado do mundo”, segundo São Tiago, é a verdadeira religião. Isso significa que precisamos da força do Espírito Santo quando o cheiro do meu próximo me incomoda, quando seu padrão de higiene não é dos melhores, quando ele vive de modo diferente do meu, quando ele tem fome e eu abundância, mas tenho o desejo de repartir, quando ele é escravizado pelo sistema e eu anuncio a libertação. Manter-se incontaminado do mundo, hoje, significa que não temos que viver em competição o tempo todo, querendo provar que somos melhores, mas simplesmente fazendo o que precisa ser feito. Significa que não podemos desistir do SER em nome do TER, ou que devemos sempre nos adequar ao que parece comum e aceitável numa sociedade onde o que certo parece errado e o errado é tido como certo.

O grande poder do Espírito Santo em nós é nos dar a capacidade de amar. Amar a Deus sobre todas as coisas, com toda alma, com todo entendimento e com todas as forças – colocando em ordem Deus – família – igreja – eu – o próximo. Esse amor não é apenas um sentimento, mas uma capacidade de servir sempre e a todos, cuidando do próprio coração também, daí amar ao próximo como a si mesmo.

Num mundo de ansiedade, depressão, fakenews, flashes, curtidas e cancelamentos, o Espírito Santo nos habilita a sermos diferentes e a fazermos diferença. Somos chamados e chamadas para levar vida, paz, amor e santidade a este mundo doente. O Espírito Santo nos ajuda a usarmos as redes sociais, por exemplo, para algo mais, para evangelizar e cuidar das pessoas. Esta tarefa não é apenas dos pastores – Bispos, Presbíteros e Diáconos – mas de todo o povo de Deus. Paremos de perder tempo nas redes e falemos de Cristo, de Paz, de amor, de compromisso com o outro. Num mundo onde as pessoas são coisificadas e as coisas valem mais do que as pessoas, sejamos emissários da velha-boa nova do Evangelho.

Guerras, fomes, desastres naturais, destruição da natureza, preconceitos, perseguições só serão vencidas se o Espírito Santo agir em nós, cristãos, e agir por nós. Ele nos capacita a sermos respostas de Deus para problemas concretos na vida cotidiana. Sozinhos, somos incapazes.

Que estejamos abertos a seu agir em nós e por nós para curar este mundo doente. Que estejamos dispostos a trabalhar por um mundo melhor para todos e todas, não apenas para alguns privilegiados. Que o Espírito Santo nos dê coragem para testemunhar Cristo alegria e singeleza de coração. Que o Espírito Santo nos faça mais cristãos, mais parecidos com o Cristo a quem seguimos.

Rev. Con. Virgilio Cezar Henrique Pereira Torres

Bispo-eleito e Presidente da Igreja Episcopal Protestante

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Uma Bispa e um Gigante...a história se repete

 
Quando a narrativa bíblica conta a história de Davi e de Golias, as crianças vibram com a história do pequeno Davi contra o Gigante. Não foi a força que venceu, foi a sabedoria do menino. Humanamente, era impossível que aquilo acontecesse, mas o rapaz Davi venceu. Jogou a pedra com a funda na cabeça do gigante e o derrubou. Mas, ao contrário do que muitos pensam, Davi não matou o gigante com a funda, mas com a espada do próprio gigante (I Sm 17, 50-51: Assim, prevaleceu Davi contra o filisteu, com uma funda e com uma pedra, e o feriu, e o matou; porém não havia espada na mão de Davi. Pelo que correu Davi, e, lançando-se sobre o filisteu, tomou-lhe a espada, e desembainhou-a, e o matou, cortando-lhe com ela a cabeça. Vendo os filisteus que era morto o seu herói, fugiram).

Esta semana, na posse de Donald Trump, o Golias dos tempos atuais, uma pequena Davi, A Revma. Mariann Budde, Bispa da Igreja Episcopal dos Estados Unidos, jogou uma pedra na testa do gigante. Ela defendeu gays, imigrantes, pobres contra o ataque sem piedade dele contra essas pessoas. Seu sermão foi uma "rajada de Glória" como dizem nossos irmãos pentecostais, pois ela acertou um alvo que, com suas ações e palavras, agride as pessoas, o bom senso e toda e qualquer forma de humanidade. Para aquele homem, governar não é administrar conflitos, mas criá-los. Mas Deus estava ali, na Catedral Nacional de Washington e pela boca daquela Davi dos dias atuais jogou a pedra na testa de Trump.

E ela se mantém corajosa, dizendo que não retira nada do que disse, que Trump merecia e precisava ouvir aquela mensagem. E agora?

Cabe a nós, vozes progressistas, principalmente entre os cristãos, sermos a espada nas mãos de Davi! Com nossas ações corajosas, nossa luta pelos direitos humanos, nosso exercício de misericórdia para com as minorias, os desvalidos, os pobres de Deus, cabe a nós sermos a espada nas mãos de Davi. Precisamos mostrar a ele e a seus seguidores, admiradores, que ainda existe uma resistência, que ultrapassa a escravidão ao Capital, cabe a nós mostrar, com palavras e ações, com reflexão e oração, que as pessoas são mais importantes que as coisas, que ser é mais importante do que ter, e que devemos amar incondicionalmente os que sofrem qualquer tipo de ultraje. O mundo precisa de nossa voz, de nosso posicionamento claro.

Trump, faço nossas as palavras do Davizinho: "Saberá toda esta multidão que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará nas nossas mãos"(I sm 17, 47).

Que Deus nos ajude!

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

A Liturgia Anglicana não é igual à Missa Romana

 

        Hoje, é comum encontrarmos em sites de algumas igrejas anglicanas da linha “anglo-católica” (na verdade, pseudoromanistas), a designação genérica de MISSA para as atividades litúrgico-pastorais, nos momentos cúlticos destas comunidades, como se a Liturgia Anglicana e a Missa Romana fossem a mesma coisa. E não são. Primeiro é importante lembrar que “anglo-católicos” não são católicos romanos disfarçados. Quem afirma o contrário disso está sendo, no minimo, leviano. Muito anglo-católicos, inclusive, são antipapistas e antiromanistas. Valorizar elementos da Tradição católica não é, de modo algum, ser um papista. O grande e grave problema é copiar descaradamente as práticas e a teologia romana, um significativo e verdadeiro plágio.

Neste pequeno texto vamos analisar por que é imprópria essa comparação entre a Missa Romana para a designação da Liturgia Anglicana, sob os aspectos históricos, doutrinários e teológicos. Como professor de Liturgia Anglicana, não posso me calar diante da confusão que muitos provocam no uso destas terminologias indevidas, principalmente pelo fato de que aqueles que procuram o Anglicanismo o façam de modo a pensar encontrar uma igreja “católica” no sentido impróprio, no sentido em que não somos.

Somos católicos, não restam dúvidas. É plenamente possível ser católico sem ser romano. Somos católicos por três motivos. Primeiro, porque a única Igreja que existe na face da terra é a Igreja UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA, formada por todos aqueles e aquelas que foram salvos por Jesus Cristo e, por isso, são chamados cristãos. Católico significa Universal, de todos os povos, em todos os tempos, para todas as pessoas. O problema é a associação que se faz entre a designação “católico” e a confusão com o Romanismo, este sim, ligado ao Papa e ao seu séquito. Somos católicos porque a Igreja da Inglaterra, da qual descendemos os anglicanos, não é uma igreja nova, surgida da vontade de Henrique VIII ou dos seus sucessores protestantes, Eduardo VI e Elizabeth I. O que houve foi REFORMA, não refundação. Rompeu-se com a instituição romana, não com a Igreja Católica. Rompeu-se com o Papa, não com a Fé da Igreja Cristã. A Igreja da Inglaterra e todos os anglicanos descendem historicamente da Igreja Celta, que tinha uma tradição paralela com a Igreja Romana, assim como a Igreja Ortodoxa. Por isso, Henrique VIII não fundou nada.

Segundo, somos católicos porque cremos nos Credos Históricos (Apostólico, Niceno e Atanasiano), cuja fé expressada é a Fé da “Igreja Indivisa” – uma Bíblia, Dois Testamentos, Três Credos, Quatro Concílios, Cinco Séculos. A fé expressa aqui é a Fé Católica e nela cremos. É a fé dos Apóstolos, dos Mártires, dos Pais da Igreja.

Terceiro, porque cremos que a Fé é guardada e transmitida de geração em geração pela ação do Espírito Santo nas Escrituras, na Tradição (Consenso dos fiéis, ministério dos Bispos como guardiões da Fé) e na Razão. É a fé de ontem, de hoje e de sempre. No dizer de São Vicente de Lerins: “Ortodoxia é aquilo que foi crido em toda parte, sempre e por todos. Diante disso não se deve permitir que o pragmatismo teológico afaste a igreja das Escrituras e do ensino que foi crido em toda parte sempre e por todos os cristãos”.

No entanto, o Arcebispo Thomas Cranmer, verdadeiro reformador da Inglaterra, quis dar à Igreja uma feição reformada clara e abolir da prática cristã aquilo que era considerado abuso ou superstição. Ele mesmo afirma no prefácio do Primeiro Livro de Oração em Comum, 1549: “ com o transcorrer dos muitos anos, esta disposição piedosa e decorosa dos pais primitivos foi de tal maneira alterada, violada e esquecida, com a semeadura de histórias incertas, lendas, responsórios, versículos, repetições vãs, comemorações e cânones sinodais, que comumente quando se começava a leitura de qualquer livro da Bíblia, antes de se lerem três ou quatro capítulos, todos os demais ficavam sem serem lidos”. E qual a base que ele usou? Como todos os reformadores do século XVI, a base era a Bíblia Sagrada, única fonte e autoridade da fé e prática dos cristãos. Essa afirmação está presente em todas as confissões de fé protestantes e também nos 39 artigos de religião (Artigo VI). Aliás, foi o distanciamento desses pseudo-romanistas dos 39 artigos e a simples adoção do breve “Quadrilátero de Lambeth” que gerou toda a confusão que temos hoje e que ora serve de base para a lavra deste artigo.

O chamado “Quadrilátero de Lambeth” é um resumo de fé, não uma confissão de fé. Ele pode ser adotado pelos anglicanos? Com certeza, já que coloca os pontos principais que caracterizam uma Igreja Anglicana: A Bíblia, Os Credos, Os Sacramentos e o Episcopado. Mas são estes artigos tão vagos que poderiam identificar uma centena de Igrejas ou Comunhões além dos anglicanos.

O que dizem os 39 artigos sobre esse assunto? Em primeiro lugar, analisemos o artigo XIX, que diz:

A Igreja visível de Cristo é uma congregação de fiéis, na qual é pregada a pura Palavra de Deus, e são devidamente administrados os Sacramentos conforme à Instituição de Cristo em todas as coisas que necessariamente se requerem neles. Assim como a Igreja de Jerusalém, de Alexandria, e de Antioquia erraram; assim também a Igreja de Roma errou, não só quanto às suas práticas, ritos e cerimônias, mas também em matéria de fé”.

Vejamos: a Igreja de Roma errou em matéria de fé e errou em matéria de Liturgia. Isso, peremptoriamente, reforça a ideia de que a Liturgia Anglicana NÃO é a Missa Romana. Por quê? Continuemos a nossa análise: “A Igreja visível de Cristo é uma congregação de fiéis, na qual é pregada a pura Palavra de Deus...”. O que vemos na Missa Romana? Idolatria, culto aos santos e às imagens, orações pelos mortos, a doutrina da transubstanciação, tudo isso contrário à pura palavra de Deus – e claramente denunciado nos 39 Artigos de Religião! Além disso, continua o artigo: “...e são devidamente administrados os Sacramentos conforme à Instituição de Cristo em todas as coisas que necessariamente se requerem neles”. Ou seja, também a ministração dos sacramentos deve estar em conformidade com o que Cristo realizou. Não cremos no batismo infantil como regeneração batismal, nem na transubstanciação como resultado da consagração do pão e do vinho na Ceia do Senhor. Não, a Liturgia Anglicana NÃO é igual à MISSA Romana.

Continuando nos 39 artigos, leiamos o artigo XXV:

Os Sacramentos instituídos por Cristo não são unicamente designações ou indícios da profissão dos Cristãos, mas antes testemunhos certos e firmes, e sinais eficazes da graça, e da boa vontade de Deus para conosco pelos quais ele opera invisivelmente em nós, e não só vivifica, mas também fortalece e confirma a nossa fé nele. São dois os Sacramentos instituídos por Cristo nosso Senhor no Evangelho, isto é, o Batismo e a Ceia do Senhor. Os cinco vulgarmente chamados Sacramentos, isto é, Confirmação, Penitência, Ordens, Matrimônio, e Extrema Unção, não devem ser contados como Sacramento do Evangelho, tendo em parte emanado duma viciosa imitação dos Apóstolos, e sendo em parte estados de vida aprovados nas Escrituras; não tem, contudo, a mesma natureza de Sacramentos peculiar ao Batismo e à Ceia do Senhor, porque não tem sinal algum visível ou cerimônia instituída por Deus. Os Sacramentos não foram instituídos por Cristo para servirem de espetáculo, ou serem levados em procissão, mas sim para devidamente os utilizarmos. E só nas pessoas que dignamente os recebem é que produzem um saudável efeito ou operação; mas os que indignamente os recebem adquirem para si mesmos a condenação, como diz São Paulo.

Procissão do Santíssimo Sacramento? Essa prática é romanista, não anglicana. Porém, já vi pseudo-anglicanos, que gostam de usar uma palavra que tem sido erroneamente utilizada, “ethos”, fazendo procissão do Santíssimo Sacramento. Absurdo chamar essa prática de anglicana.

Vejamos mais um artigo, o XXVIII:

A Ceia do Senhor não só é um sinal de mútuo amor que os cristãos devem ter uns para com os outros; mas antes é um Sacramento da nossa Redenção pela morte de Cristo, de sorte que para os que devida e dignamente, e com fé o recebem, o Pão que partimos é uma participação do Corpo de Cristo; e de igual modo o Cálice de Bênção é uma participação do Sangue de Cristo. A Transubstanciação (ou mudança da substância do Pão e Vinho) na Ceia do Senhor, não se pode provar pela Escritura Sagrada; mas antes repugna às palavras terminantes da Escritura, subverte a natureza do Sacramento, e tem dado ocasião a muitas superstições. O Corpo de Cristo é dado, tomado, e comido na Ceia, somente dum modo celeste e espiritual. E o meio pelo qual o Corpo de Cristo é recebido e comido na Ceia é a Fé. O Sacramento da Ceia do Senhor não foi pela ordenança de Cristo reservado, nem levado em procissão, nem elevado, nem adorado”.

Aqui seremos mais minuciosos. A Ceia do Senhor é um sacramento: participamos da bênção do Corpo e Sangue de Cristo pela fé. Um sacramento, por definição, é um sinal, um símbolo, ele não é a realidade que simboliza. Os 39 artigos reforçam a ideia reformada do Memorial, aliada à noção do recepcionismo, ou seja, da lembrança da morte e ressurreição do Senhor até que Ele venha e a comunhão do Corpo de snague de Cristo quando os recebo com fé. Além disso, há aqui a condenação clara de atitudes romanistas na Liturgia. Não há aqui a permissão para a reserva eucarística, prática medieval que tinha por finalidade apenas levar a comunhão aos presos e doentes e que degenerou na adoração, elevação, procissão e adoração da mesma. Na mobília de uma igreja anglicana não há lugar para um “sacrário”.

O artigo XXXI continua com a condenação da Liturgia Romana:

A oblação de Cristo uma só vez consumada é a perfeita redenção, propiciação, e satisfação por todos os pecados, tanto originais como atuais, do mundo inteiro; e não há nenhuma outra satisfação pelos pecados, senão esta unicamente. Portanto os sacrifícios das Missas, nos quais vulgarmente se dizia que o Sacerdote oferecia Cristo para a remissão da pena ou culpa, pelos vivos ou mortos, são fábulas blasfemas e enganos perigosos”.

Na Missa romana, acredita-se na renovação, na repetição do sacrifício do Calvário. Veja o que diz este texto, romanista, a respeito da MISSA:

"1) O que é a Missa?A missa é o sacrifício da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo que se realiza sobre o altar.

2) Como pode ser a Missa o sacrifício de Jesus se este morreu na Cruz há dois mil anos? Pelo rito da Santa Missa, o mesmo sacrifício realizado há dois mil anos torna-se presente novamente, de um modo novo, um modo sacramental, ritual, incruento, ou seja, sem derramamento do Sangue, mas verdadeiro e eficaz.

3) Porque dizemos que a missa é o mesmo sacrifício, presente de modo sacramental?Por que nela aquele mesmo sacrifício de Jesus se apresenta diante de nós através de sinais sensíveis que realizam a graça sacramental. Estes sinais, no caso da missa são as espécies consagradas, o pão e o vinho que, na consagração, se transformam no Corpo e Sangue de Jesus pelas palavras que o sacerdote pronuncia." (http://www.capela.org.br/Missa/manual.htm) .

Isso é MUITO diferente do que dizem os Artigos de Religião. Os anglicanos creem que o sacrifício de Cristo é único, perfeito e suficiente. Não fazemos o sacrifício de novo, e de novo e de novo a cada celebração. Oferecemos a Deus o sacrifício de nós mesmos, conforme Romanos 12:1-2. Foi por isso, que começou-se a exigir a remoção dos altares de pedra na Inglaterra após a Reforma. O bispo Ridley lançou a campanha em maio de 1550, quando ordenou que todos os altares fossem substituídos por mesas de comunhão de madeira em sua diocese de Londres. Outros bispos em todo o país seguiram seu exemplo, mas também houve resistência. Em novembro de 1550, o Conselho Privado ordenou a remoção de todos os altares em um esforço para acabar com todas as disputas. Enquanto o livro de orações (1549) usava o termo "altar", a maioria dos bispos preferia uma mesa de madeira porque na Última Ceia Cristo instituiu o sacramento em uma mesa. A remoção dos altares também foi uma tentativa de destruir a ideia de que a Eucaristia era o sacrifício de Cristo. Durante a Quaresma em 1550, John Hooper pregou: "enquanto os altares permanecerem, tanto o povo ignorante quanto o padre ignorante e mal-intencionado sonharão sempre com o sacrifício". Como não há sacrifício, não há um sacerdócio no sentido romano do termo.

Pensemos um pouco: Por que o Arcebispo Cranmer foi queimado por heresia? O que o levou à condenação? Porque Latimer e Ridley, outros bispos e mártires, foram alvo da perseguição e condenação pela Rainha romanista Mary, a sanguinária, filha de Henrique VIII com Catarina de Aragão e que sucedeu Eduardo VI? Eles eram contrários aos princípios da Igreja Romana, e inclusive, de sua Liturgia. Isso digo como teólogo e com estudioso de História, para quem contra fatos não há argumentos.

No Prefácio do primeiro Livro de Oração em Comum (1549), Cranmer diz que a grande necessidade das pessoas não era ritual, era a Leitura diária da Palavra de Deus para a edificação dos fiéis. “A leitura e ensino da Palavra de Deus foi a característica mais evidente do Livro de Oração em Comum de Cranmer e este sem duvida definiu a característica do Anglicanismo. No Prefácio do Livro de Oração, ele escreveu que era consciente da importância de voltar a costume dos ‘Pais antigos’ da Igreja,

que toda a Bíblia fosse lida uma vez a cada ano…’ que tanto o clero como o povo deve buscar a piedade e ‘dando frutos cada vez mais no conhecimento de Deus, e sendo cada vez mais inflamados com o amor da Religião verdadeira.’ Desde o princípio do Anglicanismo, a Igreja da Inglaterra colocou o maior ênfase possível no ensino e instrução.(...)

Contudo, em todo o mundo, a maioria dos Anglicanos estão firmes mantendo a ênfase “Protestante” no ensino e pregação da Bíblia, nas doutrinas reformadas da fé como são expressadas nos Artigos, e a supremacia da Escritura pra ensinar e guiar em todas as matérias.

Como Hooker, muitos Anglicanos, consideram as Escrituras como a autoridade final em todas as matérias, e tradição e razão como instrumentos ao nosso serviço pra entender as Escrituras; não como donos que tem autoridade sobre as Escrituras ou parceiros que tem a mesma autoridade que as Escrituras. Historicamente e teologicamente, a característica que define o Anglicanismo é sua doutrina Protestante e Reformada, que reflete os ensinos da Bíblia” (Robin G. Jordan).

Isso NÃO é Missa romana, nem romanismo!

Em abril de 1552, o Parlamento aprovou a Segunda Lei da uniformidade do culto e determinou o uso de um novo LOC a partir do Dia de Todos os Santos. Comparado com o primeiro LOC, este foi mais “protestante”, eliminando os usos das expressões como Missa, Altar, Sacrifício e enfatizou a Igreja inglesa como Igreja Nacional. Também proibiu os costumes, gestos, paramentos e ornamentação no altar ligados à Igreja Romana. Isso tudo foi ratificado, confirmado, no LOC de 1662. Sendo assim, não existe missa anglicana no sentido de ser uma espécie de Missa Romana. Não realizamos sacrifício, por isso não temos Altar, mas a Mesa da Comunhão ou Mesa do Senhor. Por isso, os clérigos não são sacerdotes no sentido romano, mas Ministros, sendo sacerdotes apenas no contexto de que somos um povo de sacerdotes (Sacerdócio Universal de todos os Crentes).

Deve-se notar também que a Liturgia da Santa Comunhão não era uma prática dominical no Anglicanismo primitivo. Isso é uma prática bem recente, surgida no século XIX. Se não, vejamos: por que o LOC de 1662, logo após a Ordem da Santa Comunhão, traz fórmulas para que o Ministro avise o povo sobre a celebração? Se fosse uma prática cotidiana, rotineira, não haveria necessidade de aviso prévio, haveria?

Sobre isso também afirma James White:

A história de sucesso na oração pública diária da Reforma aconteceu na Igreja da Inglaterra. O arcebispo Thomas Cranmer, principal arquiteto do Livro de Oração Comum de 1549 e 1552, estava familiarizado com o trabalho dos reformadores do continente e do cardeal Quiñones. Ele combinou matinas, laudes e prima do Sarum Breviary medieval inglês em "Matinas", ao passo que vésperas e completas foram condensadas no "Evensong". Na edição de 1552, as designações passaram a ser "Oração da Manhã" e "Oração da Noite". As horas do meio-dia desapareceram totalmente. Cranmer esclareceu seu objetivo no "Prefácio", onde ocasionalmente até usou as palavras de Quiñones. Ele esperava "que as pessoas (pelo ouvir diário da Sagrada Escritura lida nas igrejas) haveriam de beneficiar-se cada vez mais no conhecimento de Deus e ficar mais inflamadas com o amor da sua verdadeira religião". Acreditando (erroneamente) que os "antigos pais" tinham previsto leitura diária sistemática de modo a cobrir "toda a Bíblia (ou a maior parte da mesma)" a cada ano para o povo, Cranmer eliminou todos os "hinos, responsórios, invitatórios e similares que efetivamente interrompiam o curso contínuo da leitura da Bíblia" . "As regras", segundo ele, eram "poucas e fáceis" e somente o livro de orações e a Bíblia eram necessários para conduzir os ofícios. A uniformidade nacional ficaria assegurada, uma vez que "todo o reino terá apenas um uso".

O esquema é bastante simples; os salmos são "lidos em sua totalidade uma vez por mês", vários a cada dia na oração da manhã e da noite, começando da frente no início do mês. A Bíblia é lida em sua totalidade na sequência (lectio continua), começando por Gênesis, Mateus e Romanos (Antigo Testamento e evangelho nas matinas, Antigo Testamento e epístola no Evensong). O restante do ofício consiste numa magistral combinação de elementos dos ofícios do Sarum Breviary. Estes incluem o Pai-Nosso, versículos, salmos com Gloria Patri, duas leituras bíblicas, cânticos, Kyrie, Credo, Pai-Nosso, versículos e três coletas de encerramento. Uma mudança ocorreu em 1552 com o acréscimo de um prelúdio penitencial que consistia em sentenças penitenciais da Escritura, num chamado à confissão, numa confissão geral e na absolvição. Precedentes para esta maneira de começar se encontram tanto em Quiñones (nas matinas) quanto nos reformadores do continente. Em 1662, orações adicionais e a previsão de um hino foram acrescentadas ao final dos ofícios. Uma grande tradição de ofícios diários cantados distingue o culto nas catedrais inglesas.

O sucesso de Cranmer foi indubitável. Com efeito, sua oração da manhã e da noite, além de proporcionar o ofício diário, tornou-se o culto dominical anglicano normal por 300 anos. A litania, a liturgia da palavra da ceia do Senhor e um sermão geralmente eram ajuntados à oração da manhã aos domingos até o séc. 19 adentro, causando certa redundância. Mas a piedade eucarística popular e a comunhão freqüente na Inglaterra tiveram que esperar pelos metodistas do séc. 18 e pelos tractarianos do séc. 19”.

Continua:

Os reformadores anglicanos tomaram decisões diferentes, uma vez que se beneficiaram de orientação gratuita, baseada em duas décadas de experiência com liturgias vernaculares, dos reformadores continentais. Sendo basicamente uma revisão conservadora da liturgia da palavra do Sarum, o rito de Cranmer de 1549 começava com um salmo de intróito, Pai-Nosso, oração de coleta por pureza, Kyrie, Gloria in excelsis, saudação, coleta do dia e coleta pelo rei . Seguem-se imediatamente a epístola e o evangelho, vindo a seguir o Credo Niceno e o sermão. O culto passa então para a exortação e a eucaristia. Dois elementos foram transplanta#dos para dentro da própria eucaristia: intercessões aparecem logo após o Sanctus, e a confissão vem antes da comunhão. Na versão de 1552 houve uma guinada na direção reformada: os salmos de intróito desapareceram e o Decálogo foi acrescentado imediatamente após a oração de coleta por pureza. As intercessões voltaram para logo após o sermão e as ofertas, e a confissão agora sucede as exortações, imediatamente antes do sursum corda. O Kyrie desapareceu e o Gloria in excelsis foi banido para imedia#tamente antes da bênção final na eucaristia. Uma rubrica previa a finalização do ofício após a oração geral de intercessão, quando não se celebrava a comunhão. Isto permitia separar a liturgia da palavra da eucaristia, após mil anos de unidade. Por três séculos esta "ante-comunhão" ou "segundo oficio" com sermão se seguiu à oração matutina e à litania na maioria dos domingos e a eucaristia não era celebrada com freqüência na maioria das igrejas paroquiais. Desde então esse padrão tem sido destrinchado gradativamente, ao longo dos anos”.

E ainda:

O primeiro Livro de Oração Comum anglicano, de 1549, trazia um rito de comunhão vernacular que era visivelmente uma mistura conservadora do rito Sarum da Inglaterra meridional com a teologia da Reforma. Boa parte da teologia eucarística do Livro de Oração Comum de 1549 era deliberadamente ambígua, permitindo interpretações tanto católicas quanto protestantes. Três anos mais tarde este rito foi substituído por outro que eliminou a maior parte da ambigüidade e implicou uma drástica reestruturação. O cânon foi segmentado em dois. A oblação foi colocada após a comunhão de modo a eliminar qualquer sentido tradicional de sacrifício. Apesar de alterações menores feitas em 1559, 1604 e 1662, aquilo que é basicamente o rito de 1552 continua em uso oficial na Inglaterra”.

Outro detalhe: alguns afirmam que utilizam o “Rito de Sarum” em suas celebrações, julgando assim celebrar segundo o “Rito Anglicano”. Em primeiro lugar, a Liturgia de Sarum é uma Liturgia pré-tridentina, portanto, anterior ao século XVI, sendo incorporado como um dos ritos latinos, variações do Rito Romano, tal qual os ritos bracarense e moçárabe, por exemplo. Era um rito usado na Diocese Salisbury e incorporado como Rito aprovado pela Igreja de Roma. Um rito romano, portanto. O que se chama hoje de “Uso Anglicano” é uma alternativa criada pelo Papa João Paulo II para paróquias que anteriormente foram anglicanas e se ligaram à Igreja de Roma, em 1980. É uma variante do Rito Romano e assemelha-se, por isso, à Missa Tridentina. Existem poucas paróquias desse rito, sendo que todas elas estão nos Estados Unidos da América (EUA). É portanto, absurdo litúrgico, histórico ou teológico chamar este rito de anglicano, pois não o é.

Sinceramente, creio que temos agora um momento especial na história do Anglicanismo. O Papa Bento XVI, através da constituição apostólica “Anglicanus Coetibus” abriu a oportunidade para “anglicanos” que tivessem o desejo de uma plena comunhão com a Sé Romana o pudessem fazê-lo. Mas ainda ali a maioria destes chamados “anglo-católicos” (e como vimos que não são, são pseudo-romanistas) não se sentiria a vontade, pois o Papa é um conservador e esses indivíduos são, em sua ampla maioria, liberais. Na verdade, temos uma contradição: como podem ser tradicionalistas (O Papa é um tradicionalista) e ao mesmo tempo liberais? É um parodoxo, mais um que vem nos desafiar.

Meus amados irmãos pseudo-romanistas: estamos na hora da decisão e Roma é um caminho alternativo, embora um caminho conservador. Quem sabe não é a hora de “sair do armário” e assumir seu romanismo? O mal que estas posturas fez ao Anglicanismo, e no Brasil, especialmente, é irremdiável. A Igreja Anglicana era promissora, crescente e missionária...hoje minoritária, desconhecida e marcada por um sincretismo com o romanismo, sem igual.

Portanto, não confundamos as coisas: a Liturgia Anglicana, conforme o Livro de Oração em Comum NÃO é igual à MISSA Romana. Se desejamos descobrir as características definitivas do Anglicanismo em questões de sua doutrina e ensino, então precisamos voltar, além do movimento de Oxford do século 19, aos inícios do Anglicanismo, aos escritos dos Reformadores do século 16.

No seu livro, “Richard Hooker e a Autoridade da Escritura, tradição e Razão” (Paternoster, 1997), Nigel Atkinson demonstra que Richard Hooker (1554-1600), reconhecido pelos Anglicanos como um dos seus teólogos mais importantes, não acreditava que as doutrinas e ensinos da Igreja da Inglaterra era uma via média entre os ensinos do Catolicismo Romano e os ensinos Reformados de Genebra. De feito, Atkinson demonstra que Hooker estava tanto ou mais convencido das doutrinas da Reforma como seus oponentes Puritanos.(cf. Robin G. Jordan).



quarta-feira, 30 de outubro de 2024

A Comunhão dos santos - Solenidade de todos os Santos - Uma visão Protestante

 

A COMUNHÃO DOS SANTOS

Existe uma única igreja em todo mundo: A Igreja UNA (porque é uma só, é o conjunto de todos e todas que creem em Jesus, de todas as denominações), SANTA (pois foi Deus que a fundou), CATÓLICA (que significa Universal, para todos os povos, em todos os tempos e em todos os lugares) e APOSTÓLICA (tem por fundamento a doutrina dos apóstolos, o que os apóstolos ensinaram). Esta Comunidade de Fiéis não se extingue com a morte, ou seja, continuamos a fazer parte desta Igreja mesmo depois que deixarmos este corpo mortal.

Isso significa que temos duas partes na Igreja de Jesus Cristo: a chamada IGREJA MILITANTE (nós, que estamos vivos) e a IGREJA TRIUNFANTE (aqueles e aquelas que estão com o Senhor, salvos por Jesus Cristo). E ambas as partes estão em Comunhão, não são duas igrejas separadas, mas uma só.

Cabe à Igreja Militante pregar o Evangelho, anunciar Jesus Cristo a todas as Nações, prestar culto público a Deus, ensinar as Escrituras, viver em santidade de vida, buscar os meios de graça (oração, leitura das Escrituras, Sacramentos e jejum) e praticar as obras de misericórdia ( dar pão a quem tem fome, dar água a quem tem sede, vestir os nus, cuidar dos necessitados, visitar os encarcerados, lutar pelos direitos humanos, enfim, amar ao próximo como a si mesmo). Nossa tarefa é árdua e urgente, principalmente neste mundo doente em que vivemos.

À Igreja Triunfante cabe adorar a Deus constantemente, louvar ao Senhor pela sua Graça que a salvou e interceder pela igreja militante. Isso não significa que devemos orar a eles pedindo intercessão, já que os mortos, segundo as Escrituras, não se comunicam com os vivos. Essa intercessão é a chamada Intercessão geral, ou seja, eles oram a Deus pedindo que sejamos vitoriosos em nossas lutas e fiéis na proclamação da Graça e do amor de Deus às pessoas. Assim fica plenamente estabelecida a Comunhão dos Santos.

E como vemos, no Credo, oramos pela Comunhão dos Santos. O grande teólogo Sumiu Takatsu escreve: "Primeiro, a localização da expressão Comunhão dos Santos no Credo. Ela se encontra na terceira cláusula (artigo), Creio no Espírito Santo. Por isso, ela não é uma cláusula independente. Ao contrário, a Comunhão dos Santos está na dependência do Espírito Santo e dele recebe não só o sentido, mas também a vida. O Espírito Santo atualiza a Palavra feita carne, Jesus Cristo, sua vida, morte e ressurreição, e a inauguração da Nova Criação, nova convivência, a comunhão com Deus e uns com outros.

Essa comunhão santa transcende a todas as barreiras humanas em torno de classificações como raça, nação, classe, conhecimento, cultura, sexo, em virtude da derrubada do muro de separação na morte e na ressurreição do Verbo feito carne e criou uma nova humanidade, (GI 3.27-29; Ef 2.14-22; 4.3-6; 1.17-23)

Essa Comunhão dos Santos é o povo reunido, convocado (ekklesia – assembleia) por Deus no poder do Espírito Santo como o Corpo de Cristo, Templo e comunhão do Espírito Santo não é limitada a um grupo de pessoas seletas, mas é destinada para todos, sem exceção, em todos os tempos. Essa totalidade abarca o todo das pessoas. Essa Comunhão é portadora e testemunha do todo do Evangelho (Jesus Cristo) para todos os povos. Em poucas palavras, esse é o sentido da catolicidade, em contraste com a posição dos gnósticos que diziam ser portadores do ensino essencial do Evangelho. Também, os gnósticos se apoiavam numa visão dualista do universo e da pessoa: material inferior e perdido e espiritual, superior e alvo da salvação. O conhecimento secreto, acreditavam, davam aos gnósticos o acesso ao caminho da libertação do material e alcançar o espiritual. Diga-se de passagem que essa questão é uma questão contemporânea quando os cristãos falam em material (carnal) versus espiritual e não levam a sério o todo da pessoa humana e a afirmação do credo de que um só e mesmo Deus é o Criador, Redentor e Santificador de todas as coisas. Essas afirmações do credo estão enraizadas na Bíblia e por ela inspiradas.

Diga-se de passagem que o ensino apostólico é aberto a todos e nada está reservada a uma elite é a indicação e, também, sinal de garantia da igualdade de todos da Igreja diante de Deus".

Michael Perham, outro grande teólogo, escreve: "Temos a comunhão uns com os outros; comunhão não só com os que vivem hoje, mas aqueles que nos precederam e com os que se encontram ainda atrás de nós. Os mortos em Cristo vivem. Eles vivem para Deus. Eles pensam em nós. Eles oram por nós. Considerem quanto próximo devemos estar uns com os outros, quando se diz que os mortos são imperfeitos sem nós. Uma verdade em uníssono com o que lemos de Cristo. O Senhor precisa deles. A Igreja que é seu Corpo, a Sua plenitude que completa (enche) tudo em todos. Todos são imperfeitos até que Cristo retome. Até os melhores são imperfeitos até a Ressurreição. Esta é a verdade sobre os santos. As antigas liturgias preservam o penhor dessa doutrina. O mais elevado dos santos figuram entre eles (os imperfeitos). Cristo intercede por eles e por nós no Céu."


A SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS

O dia 1º de novembro é um marco significativo no calendário ocidental, reverberando com dualidades históricas e espirituais que fascinam crentes e estudiosos.

Celebrado como o Dia de Todos os Santos, essa data convida a uma reflexão contemplativa sobre a vida e legado dos santos cristãos, aqueles que, ao longo dos séculos, inspiraram gerações com suas virtudes de fé e altruísmo. É um momento para recordar, honrar e nutrir a conexão com o divino que transcende o véu da vida terrena.

É um momento para recordar, honrar e nutrir a conexão com o divino que transcende o véu da vida. Entretanto, na véspera desse dia, a Reforma Protestante também é lembrada como um momento crucial na história da Igreja, datando do ano de 1517, quando Martinho Lutero ousadamente afixou suas 95 teses na porta da igreja de Wittenberg.

Essa ação não apenas questionou as práticas corruptas da Igreja Romana, mas também iniciou uma revolução espiritual e teológica que desafiou as normas estabelecidas e convidou milhões a redescobrir a fé em suas formas mais puras. O 1º de novembro, portanto, não é apenas uma data de lembrança, mas um convite à introspecção e à luta pela verdade.

A celebração dos santos nos conecta à tradição e à comunidade, enquanto a lembrança da Reforma nos projeta para o futuro, nos desafiando a viver nossa fé com autenticidade e coragem.

Como alguém que participa de ambas as celebrações, sinto a poderosa intersecção entre honra e rebeldia; uma mescla de respeito ao passado e a busca de liberdade espiritual. Mergulhar neste dia é se permitir navegar nas ondas da espiritualidade cristã, onde cada oração e reflexão são uma legítima busca por significado, conexão e renovação da fé.

Que o 1º de novembro nos inspire a equilibrar o legado dos santos com o espírito ousado da Reforma, cultivando um entendimento profundo das raízes da nossa espiritualidade.

É o dia de lembrarmos os mártires, aqueles que morreram em nome da Verdade do Evangelho, não renunciando a sua fé. Homens e mulheres, notadamente no Império Romano, mas ainda hoje em alguns países onde há perseguição religiosa aos cristãos é presente, são lembrados aqui como exemplos e devemos ser gratos a Deus por suas vidas e legado.

Que Deus nos abençoe e nos faça refletir: somos nós também tão crentes a ponto de nos sacrificarmos por Cristo? Que poder o Evangelho tem na minha vida vida? Qual é de fato o meu testemunho perante o Senhor?

Que Deus tenha misericórdia de nós!

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

O pecado da omissão

O verbete omissão nos traz as seguintes acepções desta palavra: S.F. 1. ato ou efeito de não mencionar (algo ou alguém), de deixar de dizer, escrever ou fazer (algo). 2. ato ou efeito de deixar de lado, desprezar ou esquecer; preterição, esquecimento. Sendo assim, a omissão constitui também uma das formas de o pecado vir à lume, ao lado dos pensamentos, palavras e ações. Nossa liturgia, em uma de suas orações de confissão de pecados diz: “...pelo mal que temos feito e pelo bem que deixamos de praticar”. Isso é omissão.

Muito comum entre os cristãos, infelizmente, o pecado da omissão tem sido uma das causas de vermos tantas pessoas afastadas do Evangelho da Graça. Aqui, infelizmente, entramos numa área de extremos nos dias atuais, onde a advertência ou a simples exposição de um ponto de vista diverso passa a ser considerado como agressão ou violação às liberdades do outro. Portanto, em nome da boa vizinhança é melhor eu “deixar quieto” e ver o que acontece. No entanto, o Apóstolo Pedro chama a nossa atenção para isso. Ele diz: “Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados; antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo, porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal.” (I Pedro 3: 14-17) E, neste caso, praticar o mal é nos omitir. Lembremos que Pedro escreve estas palavras no contexto do primeiro século, onde havia enorme perseguição aos cristãos.

Em primeiro lugar, o Evangelho é uma boa nova e, como tal, deve ser espalhada, difundida, por quem nele acredita. Não esperemos que quem não acredita em Jesus e na sua mesagem seja dela portador. Não fomos chamados para sermos “agentes secretos” da fé, mas embaixadores de Cristo a todas as pessoas, anunciando a reconciliação de Deus com o mundo através de Jesus Cristo (II Co 5:18-20) - “Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus”. O anúncio do Evangelho pressupõe nossa crença nele como a verdade que liberta as pessoas das amarras do pecado e as conduz a uma nova vida com Cristo, deixando o Reino das trevas, numa verdadeira “operação de resgate” - “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl 1:13).

Se somos cristãos genuínos, também cremos que Jesus, o assunto central do Evangelho, é “O Caminho, A Verdade e A Vida” e que NINGUÉM vai ao Pai a não ser por Ele.(Jo 14,6). Portanto, não podemos acreditar que todos os caminhos levam a Deus. Essa é mais uma falácia religiosa do mundo moderno. Moro em Ribeirão Preto. Se quero ir para São Paulo, devo pegar a pista sul da Rodovia Anhanguera. Se eu for na direção norte, jamais chegarei a São Paulo, mas a Brasília. Estrada certa, rumo certo, destino certo. É assim que funciona. Vejamos o que diz Pedro diante do Sinédrio: “Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular. E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.” (Atos 4,11-12). Pedro diz que Jesus é a pedra rejeitada pelos construtores (religiosos). Sim, Jesus é maior do que qualquer religião, porque ele é o Caminho. E continua dizendo que salvação só existe no nome de Jesus e em nenhum outro nome – dê o nome que quiser: religião, boas obras, outros líderes religiosos… - não existe nenhum outro nome, além do nome de Jesus, que nos conduz à salvação de nossas almas.

Vejamos uma história, uma narrativa, que tem muito a nos ensinar. Muitos ao ler “o chamado de Samuel”, focam no “Eis-me aqui” ou “Fala porque teu servo ouve”, a resposta que o jovem deu a Deus. Mas o texto vai um pouco além. Nesse momento surge um “ministério paralelo” a serviço de Deus, o ministério profético, que denuncia a corrupção dos sacerdotes, dos reis e anuncia coisas duras à nação de Israel, pregando justiça, conversão e arrependimento. Samuel ouve de Deus que haveria punição para a casa do sacerdote Eli. Vejamos o que diz o Senhor: “ Naquele dia, suscitarei contra Eli tudo quanto tenho falado com respeito à sua casa; começarei e o cumprirei. Porque já lhe disse que julgarei a sua casa para sempre, pela iniquidade que ele bem conhecia, porque seus filhos se fizeram execráveis, e ele os não repreendeu.” (I Samuel 3:12,13). Os filhos de Eli se fizeram execráveis, dignos de repreensão, mas Eli não os repreendeu. Finéias e Hofni, filhos do sacerdote, não cumpriam a lei referente às ofertas apresentadas como sacrifício (I Sm 2:12-17). Eli sabia disso e não os repreendeu. Talvez pensasse “coitados dos meninos, que fardo pesado para eles”. Mas por não abrir-lhes os olhos, foram castigados. A omissão de seu pai causou-lhes a perda da Arca da Aliança para os filisteus e a morte dos dois rapazes. (I Sm 4,4).

O Apóstolo Paulo também trata desse tema tão terrível. Em Romanos 1:32 o Apóstolo dá um advertência: “Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem”. As coisas reprováveis e que poderiam afastar as pessoas de Deus aparecem nos versos 28 a 31. São consideradas como idolatria e por isso causam tanto mal espiritual aos que praticam. Mas Paulo diz que a Ira de Deus também se acende não só sobre os que as praticam, mas também àqueles que se omitem. “ Mas também aprovam os que assim procedem”...não denunciam, se omitem e, por isso, praticam os mesmos atos condenáveis por causa da sua omissão.

Outra coisa importante. A Bíblia não nos recomenda apenas a que nos afastemos do mal, mas também daquilo que tem a aparência do mal (I Ts 5:22). Apesar de termos uma liberdade sem limites, podemos todas as coisas, Cristo nos libertou para tudo, totalmente, (Romanos 8:1 e I Coríntios 6:12), isso não nos dá liberdade para a licensiosidade ou qualquer pecado. Tudo é lícito, mas nem tudo convém, nem a nós, nem aos outros a quem amamos e cabe-nos o dever de exortar, instruir, advertir.

Por fim, Efésios 5:11 nos afirma, categoricamente: “E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as.” Não ser cúmplice é não se omitir, mas profeticamente denunciar o que está errado, com amor.

Para encerrar: Irmãos e irmãs, principalmente os ministros e ministras ordenados e ordenadas, chamados ao ministério da palavra e dos sacramentos: sejamos fiéis ao Senhor e reflitamos sobre as nossas práticas. Saiamos da postura de “paz e amor” dos hippies. Almas são condenadas ao inferno todos os dias! Seguimos alguém (Jesus) que não foi condenado à morte porque era um cara legal, mas alguém que tinha compromisso com a verdade, que confrontava as pessoas com amor. Deixar as pessoas perecerem no inferno não é amor. Jesus foi morto porque queria tirar as pessoas de sua zona de conforto. Façamos o mesmo!

Falar em omissão não é algo aqui voltado apenas para uma vida de piedade e oração. Pecado não tem apenas uma esfera espiritual. De nada adianta denunciarmos os pecados contra a alma e não denunciarmos os pecados contra o corpo, os pecados sociais. Fomos chamados e chamadas para sermos profetas em nível integral. Denunciar os pecados como mentir ou praticar idolatria, mas também aqueles que destroem a dignidade das pessoas, causam fome, desemprego, subnutrição e falta de moradia. É enfrentar o Diabo nas almas e também nas estruturas sociais. Esse é o papel do Profeta. E de quanto profetismo precisamos no século XXI!

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA DIÁRIA DAS ESCRITURAS


Por que muitos santos e místicos, pastores e mestres insistem tanto na importância da leitura das Escrituras pelos cristãos, de modo especial, pelos clérigos? Esse foi o desejo de Thomas Cranmer, o compilador do Livro de Oração em Comum e, portanto, da Liturgia Anglicana. Lemos no prefácio do Primeiro LOC:

“Nunca houve algo tão bem idealizado pela genialidade humana, nem tão firmemente estabelecido, que com o transcurso do tempo não tenha se corrompido, como, entre outras coisas, pode ser visto claramente pelas orações de uso comum na Igreja, usualmente chamadas de Ofício Divino. O original e primeiro fundamento é tal, que se alguém estuda os escritos dos pais primitivos, encontrará que o mesmo não foi instituído senão com um nobre propósito e para promover amplamente a piedade. Assim, ordenaram eles que toda a Bíblia (ou a maior parte dela) fosse lida uma vez por ano, de modo que com isto o clero, e especialmente os que eram ministros e ministras de congregações, fossem (pela frequente leitura e meditação da Palavra de Deus) movidos e motivadas à piedade e melhor capacitados e capacitadas para exortar a outros com uma doutrina saudável e refutar aos adversários da verdade; e, além disso, para que o povo (escutando diariamente a leitura das Sagradas Escrituras na Igreja) se beneficiasse continuamente do conhecimento de Deus e fosse cada vez mais estimulado com o amor de sua verdadeira religião”.

Aqui, Thomas Cranmer deixa claro os motivos que o levaram a elaborar a Oração Matutina e Vespertina diárias, e que se tornaram, por séculos, padrão de culto da Igreja da Inglaterra. Em primeiro lugar, MOTIVAR A PIEDADE: Por piedade, leiamos aqui vida espiritual. Assim como o nosso corpo precisa de alimento diário para manter-se vivo e saudável, assim também acontece com a nossa alma. Uma alma que não conhece as Escrituras não será capaz de se relacionar adequadamente com o seu Autor verdadeiro por trás dos autores humanos. Se não lemos as Escrituras diariamente vamos nos tornar em desertos onde nada pode florescer e nada teremos para oferecer àqueles e àquelas que Deus coloca sob nosso cuidado pastoral. A leitura diária das Escrituras será em nossas vidas tal qual o adubo que nutre as plantas, sem a qual elas fenecem e morrem. As Escrituras farão brotar em nós o desejo de uma íntima e constante comunhão com Deus, uma vontade de estar constantemente em sua presença e de sermos iluminados por sua luz, através da ação do Espírito Santo em nós.

Continua Cranmer: “MELHOR CAPACITADOS E CAPACITADAS PARA EXORTAR A OUTROS COM UMA DOUTRINA SAUDÁVEL E REFUTAR AOS ADVERSÁRIOS DA VERDADE”. Não podemos esperar pregações vigorosas e que alimentam as almas dos fiéis se não temos clérigos e clérigas que se disponham a ler, meditar e estudar as Escrituras. Hoje, o que temos visto no mundo cristão? A proliferação de heresias, mesmo dentro de igrejas reconhecidamente sérias, por falta de conhecimento das Escrituras. Almas vazias não vão alimentar outros famintos. É preciso um compromisso sério com a leitura das Escrituras a fim de oferecermos alimento saudável ao nosso povo. Quando me tornei pregador fiz uma promessa a mim mesmo: que jamais subiria ao púlpito de improviso, sem me preparar espitualmente para falar aos fiéis do Senhor. Por muitas vezes eu havia entrado vazio e saído oco de alguns cultos, porque suas pregações foram fracas e não alimentaram a minha alma. Além disso hoje crescem e proliferam inimigos do Evangelho e temos que estar prontos para responder, com clareza, coesão e coerência, Àqueles que se colocam contra a sã doutrina de Jesus Cristo.

E diz ainda o Arcebispo: “E, ALÉM DISSO, PARA QUE O POVO (ESCUTANDO DIARIAMENTE A LEITURA DAS SAGRADAS ESCRITURAS NA IGREJA) SE BENEFICIASSE CONTINUAMENTE DO CONHECIMENTO DE DEUS E FOSSE CADA VEZ MAIS ESTIMULADO COM O AMOR DE SUA VERDADEIRA RELIGIÃO”. Os benefícios espirituais para o nosso povo são inestimáveis. Precisamos de uma Igreja Forte e ela só será assim se for verdadeiramente alimentada com as Escrituras.

Para encerrar, alguns versículos que nos podem ajudar a criar esta consciência da leituras diária das Escrituras:

Jeremias 15:16: Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó Senhor, Deus dos Exércitos.

Salmo 119: 9, 11, 105: De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o segundo a tua palavra.

Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti.

Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos.

Jo 5:39: Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.

II Tm 3:16: Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.

II Tm 2:15: Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.

domingo, 14 de julho de 2024

Deus nos chama e nos capacita.

 Sermão: Deus nos chama e nos capacita.

Sl 85: 1-13; Am 7:7-15; Ef 1: 1-14; Mc 6:7-13


           
Meu irmão, minha irmã: Quem é você? O que você tem de especial para que Deus te chame para a sua obra? Que qualidade especiais você tem para Deus te chamar para ser profeta nesta terra onde Deus te colocou?

A resposta é NADA! Nem eu, nem você, nem o melhor dos seres humano temos NADA de bom para oferecer a Deus. Todos pertencemos a uma mesma categoria: Todos somos pecadores, perdidos, preferimos sempre o mal ao bem. Essa é a nossa Natureza.

Porém, quando Deus nos chama para uma obra, Ele nos capacita. Quem era Amós? Um rapaz da roça, boiadeiro e apanhador de figos. Deus o chamou para ser profeta e denunciar a corrupção do Rei (Política) e do Templo (religiosa).

Deus te chama nesta noite e quer te capacitar. Fomos remidos pelo sangue de Cristo a fim de darmos frutos para o Reino de Deus. Qual é a sua vocação, para o que Deus te tem chamado?

Recebemos, em Cristo, toda a sorte de bênçãos espirituais.

Fomos chamados e chamadas para a santidade.

Fomos adotados como filhos e filhas.

Fomos chamados para louvor da sua Glória.

Recebemos a sua graça em Cristo.

Derramou sobre nós sabedoria e prudência.

Fomos selados com o Espírito Santo.

Se temos tudo isso a nossa disposição, em Cristo, porque não cremos que Deus pode nos capacitar para a sua obra?

ILUSTRAÇÃO: Conta-se de um missionário anglicano que foi para uma longínqua ilha no Pacífico sul. Ali trabalhou por quase 20 anos pregando o Evangelho. Quando se aposentou, voltou para a Inglaterra, mas quis ser enterrado naquela ilha, cujo povo ele amava. Suas cinzas foram transladadas e ele enterrado ali. Os nativos escreveram em seu túmulo: “Aqui jaz James Erwin, missionário. Quando aqui ele chagou, não havia um só cristão. Quando daqui ele saiu, não havia um só pagão”.

Fomos chamados e chamadas para servir a Deus e às pessoas. Não podemos nos esconder, dizendo: Ah! Eu não sei o que fazer. Quando Deus chamou Moisés ele sabia exatamente quem estava chamando. Moisés deu uma série de desculpas, dizendo:

a) quem sou eu?

b) que es tu?

c) E se eles não acreditarem?

e) E se o Faraó não acreditar?

e) Manda outro, menos a mim.

E sabemos o que Deus fez nele e através dele.

A única coisa que precisamos fazer é nos dispor. O restante, Deus faz. O Salmo 37:5 diz exatamente isso: “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais ele fará”.

Mensagem Pastoral de Pentecostes - 2025

Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo! Domingo, 08 de junho, é dia de Pentecostes. Aniversário da Igreja de Jesus Cristo. Celebramos este dia ...