A COMUNHÃO DOS SANTOS
Existe uma única igreja em todo mundo: A Igreja UNA (porque é uma só, é o conjunto de todos e todas que creem em Jesus, de todas as denominações), SANTA (pois foi Deus que a fundou), CATÓLICA (que significa Universal, para todos os povos, em todos os tempos e em todos os lugares) e APOSTÓLICA (tem por fundamento a doutrina dos apóstolos, o que os apóstolos ensinaram). Esta Comunidade de Fiéis não se extingue com a morte, ou seja, continuamos a fazer parte desta Igreja mesmo depois que deixarmos este corpo mortal.
Isso significa que temos duas partes na Igreja de Jesus Cristo: a chamada IGREJA MILITANTE (nós, que estamos vivos) e a IGREJA TRIUNFANTE (aqueles e aquelas que estão com o Senhor, salvos por Jesus Cristo). E ambas as partes estão em Comunhão, não são duas igrejas separadas, mas uma só.
Cabe à Igreja Militante pregar o Evangelho, anunciar Jesus Cristo a todas as Nações, prestar culto público a Deus, ensinar as Escrituras, viver em santidade de vida, buscar os meios de graça (oração, leitura das Escrituras, Sacramentos e jejum) e praticar as obras de misericórdia ( dar pão a quem tem fome, dar água a quem tem sede, vestir os nus, cuidar dos necessitados, visitar os encarcerados, lutar pelos direitos humanos, enfim, amar ao próximo como a si mesmo). Nossa tarefa é árdua e urgente, principalmente neste mundo doente em que vivemos.
À Igreja Triunfante cabe adorar a Deus constantemente, louvar ao Senhor pela sua Graça que a salvou e interceder pela igreja militante. Isso não significa que devemos orar a eles pedindo intercessão, já que os mortos, segundo as Escrituras, não se comunicam com os vivos. Essa intercessão é a chamada Intercessão geral, ou seja, eles oram a Deus pedindo que sejamos vitoriosos em nossas lutas e fiéis na proclamação da Graça e do amor de Deus às pessoas. Assim fica plenamente estabelecida a Comunhão dos Santos.
E como vemos, no Credo, oramos pela Comunhão dos Santos. O grande teólogo Sumiu Takatsu escreve: "Primeiro, a localização da expressão Comunhão dos Santos no Credo. Ela se encontra na terceira cláusula (artigo), Creio no Espírito Santo. Por isso, ela não é uma cláusula independente. Ao contrário, a Comunhão dos Santos está na dependência do Espírito Santo e dele recebe não só o sentido, mas também a vida. O Espírito Santo atualiza a Palavra feita carne, Jesus Cristo, sua vida, morte e ressurreição, e a inauguração da Nova Criação, nova convivência, a comunhão com Deus e uns com outros.
Essa comunhão santa transcende a todas as barreiras humanas em torno de classificações como raça, nação, classe, conhecimento, cultura, sexo, em virtude da derrubada do muro de separação na morte e na ressurreição do Verbo feito carne e criou uma nova humanidade, (GI 3.27-29; Ef 2.14-22; 4.3-6; 1.17-23)
Essa Comunhão dos Santos é o povo reunido, convocado (ekklesia – assembleia) por Deus no poder do Espírito Santo como o Corpo de Cristo, Templo e comunhão do Espírito Santo não é limitada a um grupo de pessoas seletas, mas é destinada para todos, sem exceção, em todos os tempos. Essa totalidade abarca o todo das pessoas. Essa Comunhão é portadora e testemunha do todo do Evangelho (Jesus Cristo) para todos os povos. Em poucas palavras, esse é o sentido da catolicidade, em contraste com a posição dos gnósticos que diziam ser portadores do ensino essencial do Evangelho. Também, os gnósticos se apoiavam numa visão dualista do universo e da pessoa: material inferior e perdido e espiritual, superior e alvo da salvação. O conhecimento secreto, acreditavam, davam aos gnósticos o acesso ao caminho da libertação do material e alcançar o espiritual. Diga-se de passagem que essa questão é uma questão contemporânea quando os cristãos falam em material (carnal) versus espiritual e não levam a sério o todo da pessoa humana e a afirmação do credo de que um só e mesmo Deus é o Criador, Redentor e Santificador de todas as coisas. Essas afirmações do credo estão enraizadas na Bíblia e por ela inspiradas.
Diga-se de passagem que o ensino apostólico é aberto a todos e nada está reservada a uma elite é a indicação e, também, sinal de garantia da igualdade de todos da Igreja diante de Deus".
Michael Perham, outro grande teólogo, escreve: "Temos a comunhão uns com os outros; comunhão não só com os que vivem hoje, mas aqueles que nos precederam e com os que se encontram ainda atrás de nós. Os mortos em Cristo vivem. Eles vivem para Deus. Eles pensam em nós. Eles oram por nós. Considerem quanto próximo devemos estar uns com os outros, quando se diz que os mortos são imperfeitos sem nós. Uma verdade em uníssono com o que lemos de Cristo. O Senhor precisa deles. A Igreja que é seu Corpo, a Sua plenitude que completa (enche) tudo em todos. Todos são imperfeitos até que Cristo retome. Até os melhores são imperfeitos até a Ressurreição. Esta é a verdade sobre os santos. As antigas liturgias preservam o penhor dessa doutrina. O mais elevado dos santos figuram entre eles (os imperfeitos). Cristo intercede por eles e por nós no Céu."
A SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS
O dia 1º de novembro é um marco significativo no calendário ocidental, reverberando com dualidades históricas e espirituais que fascinam crentes e estudiosos.
Celebrado como o Dia de Todos os Santos, essa data convida a uma reflexão contemplativa sobre a vida e legado dos santos cristãos, aqueles que, ao longo dos séculos, inspiraram gerações com suas virtudes de fé e altruísmo. É um momento para recordar, honrar e nutrir a conexão com o divino que transcende o véu da vida terrena.
É um momento para recordar, honrar e nutrir a conexão com o divino que transcende o véu da vida. Entretanto, na véspera desse dia, a Reforma Protestante também é lembrada como um momento crucial na história da Igreja, datando do ano de 1517, quando Martinho Lutero ousadamente afixou suas 95 teses na porta da igreja de Wittenberg.
Essa ação não apenas questionou as práticas corruptas da Igreja Romana, mas também iniciou uma revolução espiritual e teológica que desafiou as normas estabelecidas e convidou milhões a redescobrir a fé em suas formas mais puras. O 1º de novembro, portanto, não é apenas uma data de lembrança, mas um convite à introspecção e à luta pela verdade.
A celebração dos santos nos conecta à tradição e à comunidade, enquanto a lembrança da Reforma nos projeta para o futuro, nos desafiando a viver nossa fé com autenticidade e coragem.
Como alguém que participa de ambas as celebrações, sinto a poderosa intersecção entre honra e rebeldia; uma mescla de respeito ao passado e a busca de liberdade espiritual. Mergulhar neste dia é se permitir navegar nas ondas da espiritualidade cristã, onde cada oração e reflexão são uma legítima busca por significado, conexão e renovação da fé.
Que o 1º de novembro nos inspire a equilibrar o legado dos santos com o espírito ousado da Reforma, cultivando um entendimento profundo das raízes da nossa espiritualidade.
É o dia de lembrarmos os mártires, aqueles que morreram em nome da Verdade do Evangelho, não renunciando a sua fé. Homens e mulheres, notadamente no Império Romano, mas ainda hoje em alguns países onde há perseguição religiosa aos cristãos é presente, são lembrados aqui como exemplos e devemos ser gratos a Deus por suas vidas e legado.
Que Deus nos abençoe e nos faça refletir: somos nós também tão crentes a ponto de nos sacrificarmos por Cristo? Que poder o Evangelho tem na minha vida vida? Qual é de fato o meu testemunho perante o Senhor?
Que Deus tenha misericórdia de nós!
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