Segundo Domingo da Páscoa – Ano B
Atos 4.32-35; Salmo
133; I João 1.1-2.2; João 20.19-31
![]() |
A Dúvida de Tomé, Caravaggio, 1603 |
Sejamos como Tomé!
Devemos pensar o Tempo da Páscoa como um tempo de Unidade. Unidade não é o mesmo que uniformidade. Não somos iguais. E essas diferenças de pensamentos e ações não são impeditivo para que vivamos uma fraternidade plena e harmoniosa. Nossas diferenças são uma verdadeira riqueza. Nossa unidade se dá, em primeira instância, pela ressurreição do Senhor, de onde provém toda a nossa fé. Somos irmãos porque a ressurreição do Senhor nos assegura a filiação divina através do seu Filho Unigênito. Por isso o salmista nos lembra: Ó! Que bom e agradável é que os irmãos vivam em união (Salmo 133:1).
Essa unidade se dá porque fomos perdoados por Deus em Jesus
Cristo. Ao confessarmos os nossos pecados (1 Jo 1:8,9) assumimos nossa
fragilidade humana. Não somos “super-heróis”, mas meramente humanos,
profundamente humanos. Por isso devemos andar seguindo o exemplo de Cristo,
olhando fixamente para Ele, apenas: perdoando uns aos outros, amando
incondicionalmente, servindo com alegria de coração como fazia a Igreja das
primeiras comunidades.
Somos humanos. Nossa humanidade muitas vezes nos impede de
crer verdadeiramente. Não temos a capacidade natural de estar em dois lugares
ao mesmo tempo, nem temos controle sobre outro tempo que não o presente: o
passado ficou para trás, o futuro, desconhecemos. Tal qual Tomé, não cremos no
testemunho de outros, temos que ver com nossos próprios olhos. Cristo saudou
seus discípulos com a paz, a paz verdadeira que só Ele pode dar e que excede
toda compreensão humana. Mas, muitas vezes, persistimos no conflito, na
discordância e no nosso egoísmo.
Neste Segundo Domingo da Páscoa, pensemos, reflitamos sobre
a nossa atitude como cristãos e cristãs:
a) Estamos abertos ao diálogo fraterno, aberto? Estamos abertos
aos outros? Nosso coração possui um amor tal que nos permite amar as pessoas
como elas são ou estamos esperando que sejam como queremos?
Precisamos buscar o espírito “ecumênico” e ver o outro não
como inimigo, simplesmente porque pensa diferente de nós. Precisamos “pleitear
a causa dos órfãos e viúvas” de nosso tempo, lutando contra o racismo, a
misoginia, a homofobia, entre outras causas humanitárias, sempre nos orientando
na direção dos outros. Como alguém já disse, devemos construir pontes, não
muros. O texto de At 4:31-35 nos mostra que em todos havia um só coração e uma
só alma, mas não diz que eles sempre pensavam do mesmo modo; ninguém se
considerava melhor dos que os outros; ninguém passava por necessidades (e hoje,
podemos ler isso não apenas como necessidades físicas, como comer, beber ou
vestir, mas também necessidades emocionais, psicológicas, relacionais).
b) Queremos nós agir no Espírito de Cristo, perdoando aos
outros, entendendo suas fraquezas? Há um hino de que gosto muito que diz “Olhar com simpatia os erros de um irmão”.
Isso significa que “apontar o dedo” não é a mais correta atitude cristã. Nossas
diferenças doutrinárias ou de interpretação da Bíblia ou do Contexto histórico
em que estamos inseridos não pode ser motivo para desprezar o outro, mas para
amar não por causa de, mas apesar de. “Se dissermos que não temos
pecado enganamo-nos a nós mesmos e a sua palavra não está em nós” (I Jo 1:10).
Reconheçamos nossas fraquezas, assumamos a nossa culpa e nos transformemos ao
olharmos para o Ressuscitado.
c) Cristo, como Deus, sabia que a incredulidade de Tomé seria
exposta. E Jesus não o julgou. Mas, com amor e paciência, demonstrou sua
ressureição, abriu-lhe os olhos e ele pôde confessar: Meu Senhor e meu Deus! Pedro negara Jesus por três vezes e fora
perdoado. Todos os discípulos, com exceção de sua mãe, Maria, de Maria Madalena
e de João, o abandonaram na crucificação e foram perdoados. Todos ficaram com
medo dos judeus e dos romanos em serem identificados como seguidores do
Nazareno e foram perdoados. Portanto, suas convicções e sua fé foram abaladas
com aqueles eventos da Paixão do Senhor. Mas nós sempre só lembramos de Tomé.
Tomé não é melhor ou pior que nenhum deles, porém, foi o
mais sincero. Ao expor a sua incredulidade foi levado à fé, não por uma
doutrina ou por mera aceitação da palavra dos outros. Ele mesmo experimentou o
encontro com o Ressuscitado e isso o levou à fé genuína. Sua experiência marcou
profundamente a sua vida e foi registrada a fim de que nós, pecadores
imperfeitos, também tenhamos a mesma atitude.
Sejamos como Tomé!
Amei!
ResponderExcluirSuas palavras foi o sustento para a minha alma!
Amei!
ResponderExcluirSuas palavras foi o sustento para minha alma.
Grata!