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sábado, 17 de abril de 2021

Testemunhas da ressurreição

 

3º Domingo da Páscoa

Leia: Atos 3:12-19; Salmo 4; I João 3:1-7; Lucas 24:36-48

Quadro do pintor francês Nicolas Poussin (1655) mostra Pedro e João curando homem coxo. 


Ainda estamos sob as festividades pascais. A ressurreição e o espanto promovido por ela causaram e ainda hoje causam dúvidas, incertezas e incredulidade. É difícil acreditar que alguém se levantou dos mortos, caminhou, conviveu com os discípulos, comeu com eles. No entanto, eis o ponto central de toda a Fé Cristã: Jesus está vivo e presente no meio da comunidade dos fiéis.

Esta vida de Jesus é comunicada aos homens. Pedro diz em Atos 3: 16: “Pela fé em o nome de Jesus, é que esse mesmo nome fortaleceu a este homem que agora vedes e reconheceis; sim, a fé que vem por meio de Jesus deu a este saúde perfeita na presença de todos vós”. E isso não apenas em relação ao físico. Feridas emocionais, psicológicas, relacionais podem ser curadas e restauradas pela fé no Filho de Deus, pois é dele que, profeticamente, fala no Salmo 4: “Em paz me deito e logo pego no sono.” Aquele que acalmou as tempestades no mar da Galileia é o mesmo que acalma a tempestade da alma ferida e cansada.

A ressurreição de Jesus, portanto, é uma fonte de vida aos homens e mulheres do mundo inteiro. Mas como acreditar nela, se não a vimos? Passados 2000 anos deste este fato, como acreditar, ainda hoje, que ele foi real?

Nos meios jurídicos, costuma-se chamar a testemunha de “a prostituta das provas”. Embora aceita num julgamento, ela deve ser uma prova coletiva, ou seja, deve haver mais de uma pessoa, mais de uma testemunha dos fatos. Caso isso não ocorra, a prova testemunhal não será aceita pelo juiz, pois será a sua palavra contra a palavra do réu. O Evangelho de hoje nos chama a crer de forma cabal no testemunho dos apóstolos. Eles viram, coletivamente, Jesus se apresentar a eles e dizer: toquem minhas feridas, são reais, sou eu mesmo. Viram Jesus comer e conversar com eles.

Além disso, a sua ressurreição também é a prova de que sua mensagem é verdadeira. Ele os relembra de que havia dito que morreria daquela morte tão cruel por nossos pecados e que se levantaria da morte. Ele afirma aos discípulos: vocês são testemunhas dessas coisas. Ou seja, poderiam de forma eficaz e verdadeira dizerem com clareza tudo o que viram e ouviram do Mestre.

Ademais, podemos ainda ver o testemunho das Escrituras. Jesus recorre aos escritos do Antigo Testamento, da Lei, dos Salmos e dos Profetas, que falaram sobre Ele centenas de anos antes de tais fatos ocorrerem. Dessa forma nós, cristãos, também pelo Espírito Santo que nos foi dado devemos crer, pois a Palavra de Deus nos confirma, pela fé, todas essas coisas. Por mais que pareça absurdo aos olhos da razão, crer na Bíblia é dever de todo cristão e cristã. Ela é a revelação escrita daquele que é, por si mesmo, o Verbo de Deus encarnado.

E essa vida concedida por Cristo deve ser reconhecida por nós no testemunho vivo de tantos homens e mulheres que se tornaram discípulos nos tempos pós-apostólicos, os mártires, os pais da Igreja e mesmo homens e mulheres com os quais convivemos em nossas comunidades. Quantos, como aquele coxo na porta do Templo, que foram levantados e levantadas de uma vida de derrota, pecado e maldição para uma vida abundante! Pessoas que eram escravas de vícios, cheias de preconceitos ou vítima deles, pessoas perversas, sem religião ou mesmo sem o menor escrúpulo humanitário, ou religiosos frios e formais e que se transformaram em heróis da fé...Paulo, Agostinho, Francisco de Assis, João Wesley, Benedito Quintanilha, conhecidos e desconhecidos que encontraram no ressuscitado uma nova razão para viver como filhos e filhas de Deus.

Da mesma maneira, somos hoje convidados a ser testemunhas dessa vida que Cristo concede nas mais variadas situações de morte: feminicídio, racismo, homofobia, desrespeito aos direitos humanos, desprezo pela causa indígena, aquecimento global...e em situações pequenas também, do dia a dia, sendo um ombro potente para um amigo ou amiga que está triste, ferido, sem esperança. Como Pedro disse para aquele coxo que foi curado, digamos: olha para nós!

Muitas vezes pedimos que Deus nos dê respostas para as situações da vida, mas pode ser que a resposta sejamos nós mesmos. Podemos ser a única Bíblia que as pessoas podem ler. Por isso, devemos ser, num mundo morto, testemunhas de sua Ressurreição.

 

Para encerrar, lembro-me de um hino antigo, do qual sempre gostei:

 

A minha alma estava longe do caminho do céu

Eu era cego e desprezível pecador

Mas Jesus já transformou minhas trevas em luz

Quando ele estendeu a sua mão para mim

 

Refrão: Quando Jesus estendeu a sua mão

Quando Ele estendeu a sua mão para mim

Eu era pobre, perdido sem Deus, sem Jesus

Quando Ele estendeu a sua mão para mim

 

Agora me regozijo desde que O aceitei

E na tempestade eu posso sossegar

Pois com Ele estou liberto do perigo e do mal

Desde que estendeu a sua mão para mim.

 

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