Atos 4.5-12; Salmo 23; I João 3.16-24; João 10.11-18
Oração do dia: Ó
Deus, cujo filho Jesus é o Bom Pastor do teu povo, concede que, quando ouvirmos
sua voz, reconheçamos aquele nos chama pelo nome e o sigamos para onde nos conduz;
o qual vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre.
Amém.
A imagem do Pastor é, sem
dúvidas, uma das mais recorrentes nas Escrituras. Diversos são os textos, com
as mais diferentes ênfases, desta metáfora do Deus amoroso. Para nós, um povo
de cultura ocidental e urbana, entender o significado desta expressão, “O
Senhor é meu Pastor”, parece soar distante e exótico. No entanto, se entendemos
o porquê Deus é assim reconhecido, certamente que entenderemos e guardaremos em
nossos corações as verdades que encerram.
O pastor é aquele que guarda. As ovelhas são animais que parecem ter “déficit de atenção”. Algumas vezes são dispersivas e parecem não prestar atenção em nada. Noutras, estão focadas no que estão fazendo que se esquecem do que há ao redor. E nesse instante, lobos podem atacar o rebanho e massacrá-lo. Então, a figura do Pastor é que aparece para livrar o rebanho de todo perigo externo, mandando fora o inimigo feroz. E Jesus, o Bom Pastor, é aquele que dá a sua vida pelas suas ovelhas. Para livrá-las das astúcias do Inimigo de nossas almas e do mal que nos rodeia neste mundo tenebroso, Cristo está vigilante para nos defender. Diferente do mercenário, que vai embora diante do primeiro perigo, ele está firme em seu posto para cuidar de seu rebanho, comprado com um preço muito alto: sua própria vida, na Cruz.
O pastor é aquele que cuida. Não podemos nos esquecer que uma ovelha é uma “bola de lã”
ambulante. Cair na água e não ter socorro imediato seria a morte certa dela. Por
isso o salmista Davi nos lembra neste belíssimo e amado texto: “guia-me,
mansamente, às águas tranquilas, refrigera a minha alma”. O cuidado do Pastor é
essencial para que a ovelha sobreviva. Do mesmo modo, Jesus cuida de nós, de
nossas necessidades, antes mesmo que a palavra nos venha aos lábios pedindo
socorro. Ele quer que bebamos águas limpas, que verdadeiramente matem a nossa
sede. Por isso ele tem palavras certas para nos acalentar. E mais que isso, ele
mesmo é a água viva a qual, quem beber, nunca mais terá sede. Que maravilhoso
Salvador temos!
O Pastor é aquele que guia. Também precisamos pensar em outro aspecto. Se a ovelha
estiver pastando e um estranho chamá-la pelo nome, ela continua pastando
tranquilamente. Mas, se ela ouve a voz do pastor, imediatamente ela para, levanta
a cabeça, o procura e vai em sua direção. As ovelhas de Cristo quando ouvem a
sua voz, seja na leitura das Escrituras, seja pelo Espírito Santo que nelas
habita, devem também ouvir sua voz. Quando Lutero foi questionado na Dieta de
Worms sobre seus ensinos e foi exigido que ele renunciasse aos seus escritos,
sem hesitação, respondeu: “A
menos que vocês provem para mim pela Escritura e pela razão que eu estou
enganado, eu não posso e não me retratarei. Minha consciência é cativa à
Palavra de Deus. Ir contra a minha consciência não é correto nem seguro. Aqui
permaneço eu. Não há nada mais que eu possa fazer. Que Deus me ajude. Amém.”
Hoje, tantas vozes se levantam
contra o Senhor e contra seus ensinos. Mas nós, como ovelhas, devemos seguir a
voz do nosso Mestre e Pastor.
Pastor é aquele que agrega. Jesus disse também que possuía ovelhas que não eram do seu
aprisco. Primeiramente, ele se referia aos não judeus que ouviriam a sua
mensagem. Hoje, ele se refere aos marginalizados e oprimidos deste mundo, a
quem a Igreja deve levar a voz libertadora do Bom pastor. Pessoas feridas por
preconceitos, valores antiquados, situações de violência e morte que precisam
de libertação. A voz do Pastor se fazer ouvir por nós, cristãos, onde quer que
estejamos: no trabalho, na escola e no lar. Pessoas que estão abandonadas e que
precisam de ouvir sobre este bom pastor: vítimas de racismo, machismo e
homofobia, povos indígenas e refugiados de todas as nações, crianças
abandonadas e idosos, deficientes físicos e acima de tudo, os pobres e famintos
de comida, de um teto e de afeto.
Portanto, a figura do Pastor,
mesmo em meio a esta sociedade urbana e corrupta continua sendo a mais fiel metáfora
do Salvador do Mundo! O Bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Recebamos, com alegria,
essa grande prova de amor e graça.