É comum ouvirmos que Deus castiga as pessoas. É isso possível, quando pensamos no contexto dos ensinos de Jesus?
1. Em primeiro lugar, não podemos confundir Deus e a vida. Problemas, dificuldades e doenças fazem parte da nossa existência e acometem todas as pessoas, das mais variadas classes e posições, sejam brancos ou negros, homens ou mulheres, hétero ou homossexuais. Viver é sofrer, muitas vezes. E, em muitos casos, alguns sofrimentos que nos acometem são fruto de nossas próprias ações, pois colhemos aquilo que semeamos. Portanto, jogar a culpa em Deus por situações que nos desagradam é também uma forma de fugirmos às nossas responsabilidades.
2. Em segundo lugar, devemos parar de considerar Deus sob o prisma humano. Nós somos seres vingativos e temos ainda uma lista interminável de defeitos. E, talvez, o nosso defeito maior seja enxergar Deus como nós somos, um Deus construído a nossa imagem e semelhança, não o contrário. Deus é um ser que está acima e além de qualquer definição, mas nossa mente limitada quer trazê-lo ao nosso nível de compreensão. Fazer de Deus um “bode expiatório” para nossa incapacidade de fazer o bem é um erro terrível.
3. Castigar é diferente de corrigir. No entanto, a correção divina é possível. Em muitas situações em que nos envolvemos, certamente a mão divina está por trás, para nos indicar o melhor caminho a seguir. Como somos limitados no tempo e no espaço, não enxergamos, muitas vezes, que determinados eventos em nossa vida são forma de nos educar e corrigir. Passado o tempo da “provação”, olhamos para trás e percebemos quão preciosas lições aprendemos (ou não! Kkk). Porém, o mais importante é termos a certeza do amor de Deus em todas as situações de nosso cotidiano.
Dificuldades e infortúnios não são castigos divinos. Jesus nos provê uma visão revolucionária sobre Deus e seu relacionamento com as pessoas. Para saber como Deus age, olhe para a vida de Cristo, pois ele é a perfeita revelação do Pai. Ele acolhia as pessoas, guiava-as com amor, corrigia quando necessário, mas nunca castigou alguém, nem Pedro que o negou, nem Judas, que o traiu.
Lembro aqui de duas situações. A primeira, um texto de Hebreus 11:6: “Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam.” Muitos não querem saber de Deus e de ter um relacionamento com Ele. Se as coisas vão bem, não agradecem; quando as coisas vão mal, a culpa é do Senhor. Deus é amor, e como tal, um Deus relacional, que quer ter comunhão conosco.
A segunda, que ainda retoma o tema desse versículo, ocorreu depois do dia 11 de setembro de 2001, quando houve a queda das torres gêmeas, em Nova Iorque. A filha de Billy Graham, Anne Graham, estava sendo entrevistada no Early Show, e Jane Clayson perguntou a ela:
– Como é que DEUS teria permitido algo horroroso assim acontecer no dia 11 de setembro?
Anne Graham deu uma resposta extremamente profunda e sábia. Ela disse:
“Eu creio que DEUS ficou profundamente triste com o que aconteceu, tanto quanto nós. Por muitos anos nós temos dito para DEUS não interferir em nossas escolhas, sair do nosso governo e sair de nossas vidas. Sendo um cavalheiro como DEUS é, eu creio que Ele calmamente nos deixou. Como poderemos esperar que DEUS nos dê a Sua bênção e Sua proteção se nós exigimos que Ele não se envolva mais conosco?”
Deus está no controle de sua vida? Deus têm a primazia? Você quer ter um relacionamento íntimo com Deus?
Sejamos honestos e paremos de culpar a Deus por nossos infortúnios. Deus nos abençoe!
Amei! Gostei muito do pensamento que o ser humano tenha fazer Deus a sua imagem e semelhança, quando é justamente o contrário. Isso explica também o preconceito, o ódio, o conservadorismo errôneo das pessoas. O conservadorismo que limita os direitos de muitos segmentos da sociedade... As pessoas que moldam um deus que segrega, não conhecem o amor de Deus!
ResponderExcluirVerdade. Por isto, deveríamos distinguir cuidadosamente que castigar não é o mesmo que corrigir. O castigo é “um fim em si”, e não tem, nem poderia ter, como finalidade fazer sofrer. É justamente o oposto de qualquer forma de bondade e amor. A correção é “um meio” (doloroso ou desagradável) para obter um fim posterior, que sempre é positivo e alegre. Por isto, os pais corrigem seus filhos, os professores aos alunos. Jesus não castigou aos fariseus quando os disse que eram “hipócritas”. Como também não castigou a Pedro, quando o qualificou de “Satanás!” (Mt 16, 27). Nestes casos, como em tantos outros, Jesus não atuou como “castigador”, mas sim alguém que “corrige” e que busca apenas o bem e a felicidades daqueles que corrige.
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