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sábado, 17 de julho de 2021

Devocional - 17/07/20221

 “E por se se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” – Mateus 24:12

Hoje, enquanto dava uma olhadinha no Facebook, vi uma postagem que me deixou incomodado. Uma amiga postou algo com o título “revelação bombástica sobre o fim do mundo”. E, como sempre acontece, a postagem falava sobre um cataclismo, na tentativa de convencer (converter) as pessoas sobre o iminente fim dos tempos.

Sempre tive pavor dessas mensagens cheias de violência ou destruição associadas ao “fim do Mundo”, “volta de Jesus” ou “vinda do Reino de Deus”. O Evangelho, a mensagem de Jesus, não tem a ver com causar medo nas pessoas, mas em acolhê-las, ajudá-las a se reconciliarem com Deus e com o próximo, enfim, uma mensagem de esperança, não de temor.

E imediatamente, ao ler aquele post, o versículo que encabeça esse texto me veio à mente. E tive a sensação de que, das profecias bíblicas, a mais triste e desoladora é exatamente essa: “E por se se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” – Mateus 24:12. Vivemos tempos sombrios e esse alerta de Jesus no Evangelho de Mateus me fez pensar algumas coisas que quero compartilhar com você, querido leitor.

Vivemos em um mundo de iniquidade: corrupção desenfreada, desconfiança sobre o mundo político, fundamentalismos em todos os níveis e modos, utilitarismo (valorizar mais as coisas que as pessoas), fraudes de todos os tipos. Lembro-me, com tristeza, da frase de Rui Barbosa, jurista brasileiro: “Um dia, os homens terão vergonha de serem honestos”. Esses dias são os nossos dias, dias difíceis, dias de amargor, de egoísmo, dias maus. E parece que quanto mais vivemos, mais a maldade assola o já tão corrompido coração humano.

E parece que com isso já nos acostumamos a banalizar o mal. Parece que tudo é “normal”. Alguém poderia dizer que “todo político é corrupto” ou “o mundo não tem jeito, as coisas são assim mesmo” ou ainda “não podemos fazer nada para mudar”.

Porém, como eu disse, a mensagem do Evangelho é a mensagem da esperança. Infelizmente, o amor de muitos se esfriou, de fato. Vemos cristãos e cristãs preocupados com os sinais da Vinda de Cristo ou com discursos de ódio, pregando um Evangelho diferente do Evangelho de Jesus. O próprio Jesus afirmou que um cristão é reconhecido não por seguir tal ou tal doutrina, por curar enfermos e expulsar demônios, por pertencer a uma determinada igreja ou deixar de fazer coisas como fumar, beber ou se divertir. Nada disso, segundo Jesus, identifica um cristão. “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros”. - João 13:34,35. Ou seja, a qualidade e a quantidade de amor fazem um cristão.

Vivemos tempos de preconceitos e de falas verdadeiramente lamentáveis. A qualidade do amor que Jesus requer de nós, seus discípulos, é essa: ASSIM COMO EU OS AMEI. E como foi o amor de Jesus? Incondicional, pois Ele amor a todos, a Pedro, que o negou, e até mesmo a Judas, que o traiu. Lembro-me de uma pichação que causou espanto em muitos, na Austrália, há alguns anos: “Deus ama até Osama Bin Laden”. E, embora tenhamos dificuldade de entender isso, é a pura verdade. E essa dificuldade vem do fato de querermos um Deus a nossa imagem e semelhança, que julga com os nossos critérios. A quantidade de amor que Deus exige de nós é a mesma de Jesus: um amor sacrificial, pois Ele deu sua vida pelos que amava. Mas, muitas vezes, estamos dispostos apenas a amar quem pensa como nós ou pertence ao nosso grupo. Não queremos amar a todos, incondicionalmente. 

Ler a Bíblia e cantar cânticos é fácil. Ir à igreja, é tranquilo. Saber um monte de versículos decorados, isso é comum. Mas o grande desafio de Jesus a todos nós, cristãos e cristãs do século XXI, é “dar a outra face”, “caminhar a segunda milha”, “orar pelos inimigos e pelos que nos perseguem”. Contudo, parece que aí o Cristianismo de muitos desaparece, pois há o esfriamento do amor.

Precisamos de conversão verdadeira. Deus tem muitos atributos: sabedoria, justiça, onipotência, onipresença, onisciência...mas a essência de Deus, o seu caráter, é o amor. São João, escrevendo sua primeira carta afirma que “Deus é amor” (I Jo 4:8) e que “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (I Jo 4:20). Precisamos reencontrar o cerne do Cristianismo e amar verdadeiramente, não apenas em palavras, mas em ações concretas.

Temos que amar as pessoas de modo a deixar de lados quaisquer preconceitos: muitos têm preconceito social e odeiam os pobres; muitos têm preconceitos de gênero, e não reconhecem o valor e a dignidade plena das mulheres; muitos têm preconceito racial, e não empregam pretos e pardos, ou lhes dão salários menores que aos brancos; muitos têm preconceitos contra os LGBTQUIA+ e os tratam como pessoas inferiores e indignas; muitos acham que os índios são seres meio-humanos; muitos tratam os deficientes ou idosos como incapazes, muitos desrespeitam o meio ambiente e esquecem que o mundo é nossa casa comum.

E, de fato, a maneira como nós tratamos a nossa empregada doméstica, a vizinha divorciada e independente, o colega de trabalho negro, o amigo de seu filho que é homossexual, dentre outras coisas, é a mostra do quão mesquinho e distante de Cristo tem sido o Evangelho que é pregado por muitos.

A mais tenebrosa das profecias bíblicas, portanto, é essa: O AMOR DE MUITOS ESFRIARÁ. Que terrível é vermos cristão e cristãs nessa situação!

Que Deus tenha misericórdia de nós e que o Espirito Santo reacenda em nós o amor verdadeiro por TODAS as pessoas.

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